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É bom ver

Quem já fez caminhada, já subiu morros e picos sabe do que estou falando. A sensação mais deliciosa é a chegada no alto. Certa vez um grupo de amigos, onze ao todo, resolveu me chamar para um passeio ecológico ao Alto da Boa Vista na  floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Com um detalhe: eram todos jovens e acostumados aos esforços de sobe e desce e escaladas. O máximo que eu fazia era caminhar pela orla de Copacabana e muitos anos atrás ter subido o morro da Urca onde de lá se vai ao Pão de Açúcar, outro ponto turístico do Rio. Me chamaram e eu fui. Com roupa inadequada, calça jeans marrom, sem lanche ou água e iludida. Entendi, no convite, que era um passeio pelo Alto, parando na Cascatinha, uma volta pela maior floresta urbana do planeta e só. Chegando ao ponto de encontro, percebi ser a "coroa" do grupo, mas e daí? Minha mente e alma são repletas de juventude. Nosso guia sugeriu alguns roteiros, venceu o Pico do Papagaio. Até lá seriam duas horas, mais uma hora lá em cima para apreciar e duas horas para a volta. Ok. Concordamos. Cinco horas passam rapidinho, respirando aquele ar puro da floresta, saindo do barulho ensurdecedor da Barata Ribeiro, tudo valia a pena. Conversa vai, conversa vem, fomos caminhando pela trilha apreciando a paisagem, as árvores, pequenos animais, mas sem ter idéia de onde estávamos. Hoje tem o Google Earth, rsrsrsrs. Uma hora e quarenta minutos sem parar, chegamos ao ponto de subida. "Sigam-me, façam o que eu fizer. Segure nos cipós, raízes e troncos. Se alguém se cansar avise para pararmos, não se distancie uns dos outros". Meu Deus! - pensei - E agora? Não posso dar vexame. Senti que olhavam para mim como quem fosse pedir socorro logo, logo. Mentalmente falava com Deus para renovar minhas forças como da águia. Estávamos quentes pela caminhada e a subida começou a ficar cada vez mais íngreme, e eu falando com Deus e diretamente atrás de nosso guia. Ela parou e disse que ia voltar porque não via as outras pessoas. Estranho. Esperei um pouco e apreciei o lugar. Tremendo. Maravilhoso. Obra do Deus Criador. A aparência dos amigos era de desespero, exaustão, arrependimento. Ela passou por mim e a segui. Mais uma vez fui agradecendo a Deus pelo privilégio de estar ali naquele momento. E tudo acontece de novo. Um entrou em pânico dizendo que não ia subir mais e outro foi empurrando a bunda com a cabeça... "Helô vai na frente, chegando naquela árvore, passe por baixo dela, contorne a pedra e vai estar lá, vou voltar para ajudar". Assim fiz. Quando cheguei lá vi a mais linda paisagem que meus olhos apreciara. Compulsivamente comecei a gritar: "Deus, Deus. obrigada pelos meus olhos que vêem tudo isso". Estava extasiada. Eles foram chegando e sem entender direito o que eu falava, achavam que tinha acontecido alguma coisa comigo. E aconteceu. A maioria nem apreciou direito. Estavam exaustos e ainda tínhamos que voltar. Cristiane. o guia, me perguntou se eu estava bem. "Ótima". Eles partilharam comigo a água e o alimento e eu compartilhei com eles o meu regozijo. Fotografamos. Voltamos, numa boa. No outro dia alguns nem saíram de casa de tanta dor nos músculos. Eu. Eu estava ótima, renovada como as águias, sem uma dor sequer. Aprendi que tudo que pedimos a Deus Ele dá, se for para nosso bem e honra e glória a Ele somente.

 

 

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